AMÉLIA ALEXANDRE 14.05.2005


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Amélia Alexandre – Novos territórios

Ao abordarmos as questões relativas ao espaço as noções hoje em dia frequentemente enunciadas são as de paisagem e de “sítio”.
Para Anne Cauquelin o que caracteriza uma paisagem é o facto de ser uma invenção, invenção essa que liga entre si elementos reconhecíveis de um ambiente, conferindo assim ao conjunto uma certa evidência. O natural é ilusório e esta artificialidade abre caminho à noção de “sítio”, um espaço ordenado com vista a uma acção, acção essa que pode ser territorial ou teleelectrónica e comunicativa, que é o caso da Web, e aquí entramos na problemática do virtual.
Contudo, ao observarmos as paisagens de Amélia Alexandre somos confrontados com um terceiro tipo de questões. Impressiona-nos desde logo a sua ambiguidade. Ambiguidade ao nível da forma, desenhos manipulados digitalmente. Mas, e sobretudo, ao nível do seu significado. São entidades cosmológicas representadas com distanciamento. Em nenhuma dessas entidades são perceptíveis suficientes características físicas que lhes permitam a atribuição de uma identidade.
A sua especificidade advém do facto de serem produtoras de fenómenos. E aquí reside a inquietação que nos provocam. Não podemos deixar de evocar Solaris, o planeta retratado por Sanislaw Lem. Coberto por um oceano orgânico, dotado de mecanismos homeostáticos que intencionalmente interferem com os cientistas que aí residem com a missão de o conhecer e estabelecer contacto com ele. Mas esses estranhos fenómenos que os afectam resistem a todas as tentativas de explicação.
Se os modelos de representação são necessariamente antropocêntricos, como nos podemos então interrogar sobre novos sujeitos e novos territórios. É no contexto desta pesquisa que Amélia Alexandre tem vindo a desenvolver a sua linguagem.

Alexandra Moreira





Amélia Alexandre
Castelo de Vide, 1970.
Artes Plásticas-Pintura, Faculdade de Belas Artes DA Universidade do Porto.

Amélia Alexandre apresentou individualmente “S.O.L.A.R.” na Galeria Graça Brandão, Porto em 2003.
Editou “Entre os sóis” pela mimésis em Março de 2004
Actualmente expõe no projecto “TERMINAL, Em Fractura” no Hangar K7, Antiga Fundição de Oeiras.
Inaugura a 14 de Maio no MAD WOMAN IN THE ATTIC.